O Problema das grandes realizações (Parte 2)
Como vimos anteriormente, a intenção principal das pessoas mudou de forma significativa há algumas décadas, admitindo novamente um conceito antigo de que a felicidade ou a satisfação encontra lugar apenas quando temos êxito nos projetos, melhor dizendo, o sentido da vida existe atrelado a realizações do indivíduo.
Talvez, sem que as pessoas se dessem conta este conceito mudou de forma substancial a visão acerca da existência, afastando a atenção e o empenho das pessoas do cerne da existência, das questões mais básicas ligadas à vida.
Ao homem não basta um trabalho digno, uma esposa que lhe seja companheira, filhos ao redor da mesa e o necessário a uma vida com o básico ou um pouco mais que isso.
As filas de casas lotéricas lotam com frequência com notícias de acúmulos de prêmios, cuja quantia elevada pode proporcionar poder e influência que a maioria dos apostadores desconhece e imaginam. Mas, por que jogar então? Porque ser feliz significa ter carros importados, diversos imóveis, dinheiro para qualquer tipo de desejo, enfim, somente consegue ser feliz se realizar alguma coisa.
Nesta seara, a exemplo do que ocorre com o dinheiro, os homens se tornam insaciáveis. A esposa deixa de ser suficiente e surge o desejo pelas relações extraconjugais. O homem precisa mostrar que é capaz conquistar, de impressionar outras mulheres, enfim, que é capaz de realizar.
O homem resolveu se tornar o centro do universo e todas as coisas precisam convergir para si. Por isso a necessidade de realizar, de se auto afirmar, provar que é capaz. Mas a experiência dura da realidade mostra que este não é o caminho da felicidade para ninguém, pois, todas as realizações que o homem entende ser capaz de fazer são e sempre serão incapazes de suprir a existência, o convívio harmônico do homem com sua própria consciência.
Mas este será o tema de nossa próxima conversa.
Presbítero Thiago Rodrigues Oliveira