O gnosticismo reformado e a ruína do coração

27-outubro Espiritual

A religião é o impulso em busca do absoluto que dá sentido aos particulares da nossa existência. Este sentido, não raras vezes, é buscado por meio do conhecimento. Absolutamente, não há nada de mau nisto, pelo contrário.

Contudo, o meio reformado parece estar (re)produzindo a heresia que mais trouxe problemas aos cristãos do primeiro século. Não é para menos que o Paulo dedica boa parte de seu ensino para combatê-la.

Um gnóstico, em apertada síntese, é aquele que acredita que pelo conhecimento é possível alcançar o céu e que um grupo seleto recebeu tais dádivas. Nada mais absurdo para nós que bradamos aos quatro ventos SOLA GRATIA, certo?  Infelizmente não é o que temos visto.

Há uma fábrica idólatra dentro do coração humano, trabalhando todos os dias para subverter Cristo em nossas vidas e nós simplesmente subestimamos este poder destrutivo. Esta idolatria, muitas vezes, se manifesta no conhecimento (na gnose).

Reformados repudiam com fervor métodos de conhecer e cultuar a Deus que são estranhos à Escritura. Criticamos manifestações tão somente emocionais e que não observam o que a Bíblia prescreve, nos irritamos quando vídeos sensacionalistas são postados e somos rápidos em comentar a heresia alheia. Claro, tudo isto também faz parte da defesa do evangelho. (Fp1:16), mas isto não é tudo.

Acalme o coração, não estamos falando de subjetivismos e simples sensações.

O problema é quando práticas de assimilação intelectual se tornam toda a adoração do coração. Recitamos os catecismos, nos posicionamos e “tulipamos” a todos, mas devoção diária, coração em chamas e razão que crê se diluíram no mar de conhecimento.

Quando saber muito substitui a prática diária, quando a oração é desprezada, as respostas aos anseios são dadas por respostas prontas e o culto se torna uma mostra de conhecimento, um sinal de alerta precisa ser aceso.

A força vital de uma verdadeira espiritualidade passa pelo teste da interioridade, muito mais do que aquilo que se manifesta exteriormente. Se seu interior estiver comprometido, sua ortodoxia é uma casca prestes a rachar.

Seguramente temos a melhor teologia, tenhamos também a melhor devoção, tenhamos a maior paixão!

Yago Freitas Nunes