Deus nasceu, nos renascemos
O paradoxo da encarnação de Jesus é o maior acontecimento de toda história, deste lado da eternidade. É sublime o fato de Deus nascer.
A carta aos Hebreus nos lembra que não foi por acaso que o Pai nos deu um sumo sacerdote que nos conhece. Como nós ele sentiu fraquezas, diferente de nós, jamais cedeu a nenhuma delas. O natal nos lembra de guardarmos firmes a mensagem de um Deus que nasce para morrer em nosso lugar.
Se você nunca refletiu sinceramente sobre isso ou talvez se acostumou com mais um ano de festividades, te convido hoje a pensar sinceramente sobre o Deus encarnado.
Lucas, no segundo capítulo do seu evangelho, registra umas das mais belas declarações que se pode conter em palavras. Simeão, cujo coração ardia pela consolação de Israel, diz que seus olhos cansados contemplaram a doce salvação de Deus, que repousava em suas mãos. Por um instante aquele homem carregou aquele que por toda vida iria nos carregar.
Esta é a loucura do cristianismo, a glória imarcescível do universo contida em corpo finito, o senhor do tempo envelhecendo, o criador das estações sentindo frio e o descanso perene precisando de alguém para lhe fazer cochilar.
O eterno teve início para que a eternidade nos tocasse, o inabalável chorou como um bebê para então enxugar as nossas lágrimas. O rico se tornou miserável para que a glória nos fosse oferecida e o guarda de Israel dormiu em braços acalentadores para que nele um dia descansássemos também. Ensinaram o onipotente a andar para firmar os nossos pé, o onisciente aprendeu para nos livrar de nossa tolice e o onipresente engatinhou para se tornar o nosso caminho. O fundamento tropeçou para que nossos pés se firmassem, a luz do mundo alvoreceu para nos tirar da escuridão.
Banharam o Criador para que fossemos lavados de nossos pecados, criaram o redentor para que nós fôssemos recriados à sua imagem, alimentaram o pão da vida para saciar a nossa fome. Deus nasceu para nós – seus filhos – renascermos.
Esta é a mensagem do advento, a história Deus que se fez homem e homens que agora, por isso, podem conhecer a Deus.
Yago Freitas Nunes