Eu não quis dizer isso, você entendeu errado
Algumas pessoas têm muita dificuldade em expressar com clareza e empatia o que percebem sobre as outras. Isso costuma acontecer com os cônjuges, filhos, amigos e parentes mais próximos.
Quando estamos naquelas mesas onde o propósito central é tratar nossa vida pessoal e o nosso relacionamento com o próximo, podemos interpretar a visão do outro a nosso respeito de forma muito contrária àquela que ele teve a intenção de passar. Basta alguns minutos para escutar gritos, choro, julgamentos e a coisa fica preta. Todos se machucam e não há evolução, mas destruição nas relações.
Por que isso acontece, se a intenção de todos na mesa é melhorar o relacionamento entre si e caminhar em direção a plenitude de vida?
Existe um elemento pequeno, poderoso e ignorado por muitos que se torna o responsável por causar tamanho regresso em um diálogo. Estou falando da língua. Aquele ditado “a boca fala do que está cheio o coração” é bem verdade, mas saber dominá-la não é somente se encher de boas energias ou bons livros sobre relacionamentos.
Alguns decoram até textos bíblicos inteiros, mas logo após conseguem jogar por terra toda a palavra de sabedoria citada, dando lugar ao próprio entendimento. Por mais seleto que você seja com os pensamentos e atitudes que cultiva dentro do seu coração, a sua língua é capaz de deturpar a mais pura essência que existe em suas intenções ao se expressar. Ela é indecente e tem prazer em incendiar quem a usa e quem escuta suas palavras. Inclusive, se ela entender que ficar imóvel pode causar mais dano, assim o fará; e o silêncio será como mil palavras que destruirão o outro. Como então reverter isso?
Primeiro você precisa entender que há tempo para tudo. Tempo de falar e tempo de ficar calado.
No entanto, identificar esse tempo está relacionado a quanto tempo você passa com o Senhor do tempo. Você tem acessado o Senhor? Tem desenvolvido prazer em escutá-lo?
Acima de todo conhecimento, gentileza, bondade e de toda nobreza está a voz do Senhor. Se não entendermos que precisamos ser a voz do Senhor na vida de quem está perto, toda bondade e esforço próprio em tentar alertar, melhorar e cuidar do outro se transformará em mágoa, bloqueios e ingratidão. Antes de falar, escute a voz do Senhor do tempo. Ele dirá a você como dominar a indecência da língua e transformá-la numa arma poderosa de edificação mútua.
Não confunda suas boas intenções, seus bons livros e conselhos de autoajuda com a voz de Deus. Vai dar ruim!
Augusto José Lopes Neto