Sobre lobos, sementes e lições (mas, por favor, sem anões)
Olha aí a novidade!
Eis a última jogada de gênio: o novo filme sobre Branca de Neve e os 7 Anões, que não terá nenhum anão, após protestos e críticas em função de ser potencialmente ofensivo à realidade dos “portadores de nanismo” (não pode mais nem dizer anão?! Ah, não!).
Antes de dar risada, já fico a me perguntar: qual será a próxima invenção da turma que se inflama por uma Ariel de pele negra (diversidade!), mas que jamais cogitaria de uma Pocahontas loira (desrespeito à cultura indígena!)?!
Pois aguardemos, num futuro nem tão distante, Chapeuzinho Vermelho de capa amarela (com direito a Lobo Mau vegano, off glúten e praticante de beach tênis); Cinderela “sapatão de cristal”; ou então, quem sabe, Rapunzel careca, na pele de uma drag queen com tranças de aplique… e, em vez de ser salva pelo bofe, é claro que é ela quem o salva, poderosa e empoderada que é!
Parece simples brincadeira sem lógica e que flerta com o absurdo, mas… será que é só diversão?
Parece um sonoro erro de estratégia e marketing da parte de quem produz, mas… será que estão preocupados com isso?
Parece que nem fazem de maldade, o que eu não duvido, mas… será que mesmo o mal não intencionado não é capaz de deixar o seu recado?!
Parece teoria da conspiração, eu já sei! Mas não me custa coçar esta pulga que se instalou atrás da minha orelha. Por isso, lhes compartilho abaixo a minha “viagem”.
Ainda que “pareça” ser inofensivo e engraçado, e até um instrumento de combate a preconceitos e arcaismos, cada “recontar” de histórias clássicas, cada “herói” trambiqueiro e sem princípios, cada princesinha valente que toma as rédeas do destino em vez de ficar esperando pelo príncipe encantado… cada uma dessas produções se presta como uma singela semente lançada sobre os solos formativos de nossos lares e mentes, com o poder de germinar pequeninas inflexões e dissonâncias.
Pequenas mudanças de rumo, com o poder de acarretar, a longo prazo, enormes alterações de rota, e, certamente, um destino bem diferente daquele que desejávamos.
Exemplo:
“Humm… agora eu entendi: o Lobo Mau não é tão mau assim… e quem disse que o bom é tão bom… aliás, quem disse que existe o bem e o mal?!”
Lembremos dos ardis de Satanás na tentação do deserto: em vez de tentar combater tuas verdades, é muito mais eficaz que eu simplesmente lhe lance dúvidas, a fim de que você mesmo questione as próprias convicções. Por isso, jamais lhe direi que você não é o filho de Deus! Por outro lado, “se” és o filho de Deus…
Não, minha filha: o Lobo não é bom! Ele é o pecado, que às vezes até assume um dócil aspecto se disfarçando de vovozinha, mas que tem natureza e fome de bicho. Ele é a imagem da iniquidade, preparando pra abrir a boca, a fim de te engolir.
O Lobo é o que pode e vai estar à sua espera, diante de um caminho de desobediência e concessões. Não vá até o seu encontro, e com ele não se brinca, nem se conversa.
E o tratamento mais digno a ele cabível, é aquele que o caçador da história lhe confere: um tiro de carabina, no meio da fuça e da pança, sem dó nem piedade. Muito além de matar o “tadinho do bichinho” (vide Sociedade Protetora dos Animais), eis a estratégia certa para o combate ao animal perverso e ávido por carne, que repousa dentro de cada um de nós.
Esse é apenas um dos exemplos, que nos cercam todos os dias, sob diversas formas, de todos os lados.
Sendo assim, amigos, a cada pecinha que for apresentada nesse quebra-cabeça engenhoso de confusão mental e relativismo moral, em meio à formação de nossos filhos, é tempo e oportunidade de mostrar a eles com clareza: há o certo e o errado, há o bom e o ruim, há o justo e o injusto, há o belo e o degradado, há o puro e o pecado!
Deus abençoe nossos lares, e que eles se alicercem como autênticos altares.
Abraços fraternais,
Do amigo
Rodrigo Abreu