A vida real não é feita de likes

17-junho Espiritual , Família

Já teve a impressão de que as bolinhas coloridas do seu feed são uma extensão da sua personalidade? Irremediavelmente elas correspondem aos seus pensamentos mais comuns e isto não é por acaso. Somos o reflexo do que consumimos on-line ou que consumimos reflete o que somos? Pode definir onde sua “pers’online’dade” começa ou termina? E mais importante, você sabe quem conduz suas vontades?

A tentação presente nas redes sociais não é só a de se manter hiperconectado, mas de te levar à tentativa de imitar padrões e comportamentos inalcançáveis e esteriotipadamente fantasiosos.  Com isso, a medida do crescimento da sua rede de informações é proporcional ao definhar de sua imunidade às frustrações.

Há uma permanente competição pela felicidade exibicionista. Há um desenfreado culto ao bem-estar e uma desnudada mercantilização da intimidade e isto não vai parar.

É interessante que o Facebook resista tanto a introduzir o “deslike button”. Claro, a sociedade da positividade evita qualquer tipo de crítica, pois esta paralisa sua comunicação. Não somos treinados na arte de suportar a oposição. (deveríamos)

No fundo, todos sabem que o teatro lúdico, irreal e carregado de superficialidade esconde o drama das batalhas diárias e dos conflitos internos dos quais todos ainda padecemos deste lado da eternidade.

O mundo criado por pixels pode ser fascinante, as fotos bem tiradas e os ângulos perfeitos, os discursos prontos e bem articulados. A vida real, no entanto, não é feita de likes.

Seria, então, a hora de começar um movimento do #postebrigas  #posteboletos ? Não preciso dizer o quão ridículo isto seria. Não se resolve o problema da paixão por exposição se expondo.

Talvez, somente talvez, o caminho seja o do contentamento, aquele que aliado à piedade é grande fonte de lucro. (1 Tm. 6:6).

A pseudo-fama das redes sociais pode ser um vício. Por isso, talvez seja hora de entender que boa parte do mundo que conhecemos foi esculpido por pessoas comuns que viveram suas vidas comuns com fidelidade. Parafraseando Chesterton “Não há nada tão extraordinário no mundo quanto um homem comum, uma mulher comum e seus filhos comuns”. Eu acrescentaria que não há nada tão contracultural hoje em dia quanto desejar ser assim.

A boa notícia é que, respondendo às questões do início, há uma boa, agradável e perfeita vontade para seguir.

Yago Freitas Nunes